Juliana Martucci Martins

Ele não prometeu que seria fácil, mas também nunca disse que seria impossível. Suas palavras nos confortam em toda e qualquer circunstância: "Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis" (Mc 10:27)

Muitas vezes me vejo na situação daqueles discípulos que chegaram a indagar a Jesus: "Quem poderá, pois, salvar-se?" Porque quando meditamos em seus mandamentos e enxergamos sua beleza, a maneira como Ele planejou tudo perfeitamente, nos sentimos seguros e motivados a caminhar de acordo com isso. Mas quando procuramos viver assim, nos deparamos com corações endurecidos, com vaidade e soberba alheia (ou nossa mesmo), com pessoas se autopromovendo, outras justiceiras demais a ponto de fulminar todos à sua volta, outras fechadas demais em seu próprio mundinho colorido, outras sem o menor senso de responsabilidade com o próximo e com o Reino de Deus. Nos deparamos com a ganância, com a mentira, com a vaidade, com a ira, com o orgulho e com todo tipo de obras da carne que há em nós mesmos e nos outros ao nosso redor. É quando toda sujeira e escória humana é lançada no ventilador e espirra na nossa cara que nós somos tentados a desistir de tudo. É aí que questionamos todos os sonhos, propósitos e a missão que Deus nos confiou. Olhamos para a humanidade e pensamos: eles não valem a pena, não são dignos de tanto amor e sacrifício.

Mas é aí que vem o maior tapa na cara! O Deus do Universo, aquele que amamos, defendemos, e ainda chamamos de Pai, Ele nos diz que valeu a pena e continua valendo. Que é justamente por tanto amor a esta humanidade suja, hipócrita, indigna, corrupta, que Ele entregou Seu único filho naquela cruz. Foi pela GRAÇA e não por merecimento. Ninguém digno, mas ainda assim Ele nos deseja, Ele nos ama, Ele não desiste de nós.

E eu te pergunto: quem é você ou quem sou eu para achar que alguém nesse mundo não é digno desta graça? Quem somos nós para nos achar tão mais verdadeiros, tão mais justos, tão mais certinhos, tão mais merecedores do favor de Deus?

Se nos ofendemos, nos magoamos, nos indignamos com o comportamento alheio, devemos lembrar que muito mais ofendido, humilhado e massacrado foi nosso Senhor Jesus Cristo. E ainda assim Ele nos ensina: ame o seu próximo como a ti mesmo. E diz que só há galardão em amar o inimigo, porque que vantagem tem amar o amigo?

Eu volto a fazer a pergunta dos discípulos: "quem poderá, pois, salvar-se?", pois até eu mesma, com toda verdade, sinceridade, caráter e compromisso com o Reino poderia ser achada indigna pelo Senhor ao sondar o mais profundo do meu coração. Mas Ele me amou primeiro, e aqui estou, indigna, mas justificada pelo Seu sangue, somente pela Graça!